Onegaishimasu!
(^_^)
Espero não desagradar muitas pessoas com as coisas aqui expostas e, em nenhum momento, é minha intenção querer parecer mais capaz ou passar impressão que sei mais que as outras pessoas a respeito das “artes marciais japonesas”... ao contrário, é o não saber que me motiva a pesquisar e, podem acreditar, as pesquisas causam mais dúvidas do que certezas. Como um grande amigo diz: “quanto mais eu cavo, mais vejo o quanto fundo é o buraco”...
Certezas? Nenhuma...
Pesquisas? Muitas!
E baseado em pesquisas podemos ter resultados momentâneos, que podem sempre ser modificados quando se encontra novas informações que possam dar fundamentação para uma nova visão. Não preciso relembrar a todos que muitos dos conceitos antigos, tidos como corretos em outras épocas, hoje nos fazem rir... a tão em moda "terra plana" é um bom exemplo do que o que aqui se afirma.
Há uma frase do mestre Aragão, de Lisboa, Portugal, que me agrada muito:
“Em Karatedō não há enganos: ou é ou não é, se sabe ou não se sabe!”.
Goulart (2009) nos chama a atenção para outro fato importante:
“(...) Existe o certo e o errado no ensino das Artes Marciais. (...) Da mesma forma, existem aqueles instrutores que se preocupam em apresentar informação fidedigna a respeito das artes (...) que ensinam e levam todos os assuntos relacionados com as suas artes (...) de forma séria e responsável, com objetivo de realmente ensinar e apresentar informação pertinente e correta a respeito dos seus estilos (...) (GOULART, 2009).
Reflexão verdadeira...
Não é novidade para ninguém que a maioria das pessoas que pratica o Karatedō não dá a mesma importância para a prática e a teoria, chegando, por vezes, a ridicularizar aqueles que o fazem... contradizendo um dos princípios básicos da cultura japonesa... que é, desde os tempos dos Samurai, manter a “pena a e espada” em harmonia. Ou seja, manter o justo equilíbrio entre a teoria e a prática. A este conceito os japoneses chamam “Bunbu-ichi”.
Vejamos alguns trechos escritos por dois Hanshi da Dai Nippon Butoku-kai que tratam do tema:
“É dito, há muito tempo, que a pena e a espada são como as duas rodas de uma carroça e as duas asas de um pássaro. Consequentemente, elas pertencem a um único conceito de virtude universal e são naturalmente inseparáveis. [...] A “pena” são os meios [...] através dos quais as pessoas cultivam e nutrem as cinco principais virtudes: benevolência, dever, lealdade, piedade filial e amor. A “espada”, por outro lado, são os meios através dos quais as pessoas defendem e restauram tais virtudes quando julgarem que isso é inevitável. [...] “A pena e a espada” são fundamentalmente os mesmos ideais filosóficos que estão em dependência direta um do outro. Esperamos que as pessoas que seguem o Budō desenvolvam e cultivem os seus próprios caracteres e contribuam de forma decisiva para a educação moral das suas nações.” (ŌGATA; HAMADA)
Então, se “a pena e a espada são como as duas rodas de uma carroça e as duas asas de um pássaro” nos dias atuais, sobretudo no ocidente, temos visto muitas carroças e se arrastarem e muitos pássaros que já não voam, visto que apenas a “espada”... a “prática” tem sido valorizada.
Não com denotação religiosa, mas sim com conotação de sabedoria proposta por Siddhartha Gautama, o Buddha, o “caminho do meio”... o equilíbrio é sempre a melhor maneira.
"(...) Siddharta (...) praticava o ascetismo rigoroso. (...) Desgastado, e vendo seu organismo em estado de quase completa inanição, percebeu que práticas tão austeras não surtiam o efeito que imaginava. (...) Quando desistiu da vida completamente ascética, (...) lhe ocorreu a noção do Caminho do Meio, primeiro dos seus ensinamentos. Segundo a lenda, um dia, Gautama, ouviu um pai ensinar ao filho como funcionavam as cordas de um instrumento musical. O homem explicava que cordas frouxas impediriam a reprodução do som; porém, quando apertadas demais, elas arrebentariam." (http://www.triada.com.br)
Assim, e somente assim, há a possibilidade de evitar enganos e conseguir saber, de fato, sobre a arte que praticamos. Vamos lá, então, consertar a roda da nossa carroça... curar a asa do nosso pássaro ferido... e achar o caminho do meio!
Denis Andretta - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
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